terça-feira, 28 de junho de 2011

Cesare Battisti

A tempos venho acompanhando o desenrolar do caso do italiano Cesare Battisti, em todos os veículos de comunicação sempre estão falando deste caso, e fica sempre nesse dilema, extradita ou não extradita?

A Itália faz uma pressão descomunal, como se o próprio diabo encarnado estivesse na pele de Battisti, já o Brasil por sua vez diz que a Itália está julgando a revelia e está tratando um caso político como criminal, e por estes motivos não dará inicio a extradição.

Enfim, ambos tem suas razões, realmente eu acho que a Itália está julgando um caso político como criminal, porém isso seria algo para se resolver internamente, o Brasil poderia ajudar diplomaticamente para que a Itália desse uma visão política ao ocorrido. Mas voltando um pouco mais no tempo, como ouvia falar muito da extradição e pouco da historia de Battisti, fiz algumas pesquisas sobre ele, e achei o seguinte.

Battisti era um ativista político de um grupo armado de extrema esquerda chamado Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), que atuou na Itália no fim dos anos 70, combatendo a ditadura do país, Battisti então é acusado de participação direta ou indireta em 4 homicídios atribuídos ao PAC, assaltos a bancos e outros delitos menores.

Pelos crimes supra citados Battisti foi condenado a prisão perpétua sem direito de ver o sol, totalmente isolado do mundo. Battisti então se refugiou na França, país que a primeira instancia também negou extraditar Battisti, a Itália fez muito menos alvoroço com a França do que está fazendo com o Brasil, mas por fim a França concordou em extraditar Battisti, que mais do que depressa fugiu para o Brasil...aqui sim encontrou seu lar.

A Itália entrou com o mesmo pedido de extradição, e no último dia de seu mandato Lula negou o pedido, e agora nossa presidenta Dilma também nega a extradição, o que gerou uma enorme inconformidade no povo e nas lideranças italianas, talvez ficaram surpresos pois possivelmente não conhecem a historia de nosso país, talvez se soubessem a historia de nossa presidenta entenderiam porque Battisti está seguro aqui, então vamos lá, à juventude de Dilma.

Dilma Rousseff é uma jovem de classe média que desde cedo se interessou sobre política, e logo após ao golpe militar em 1964 se juntou a militância, virando ativista política de um grupo armado de extrema esquerda, chamado Comando de Libertação Nacional (COLINA), também integrou a Vanguarda Armada Revolucionaria Palmares (VAL-Palmares) e é acusada por participação direta ou indireta em homicídios, sequestros, assaltos e outros pequenos delitos atribuídos a COLINA e a VAL-Palmares.

Dilma e todo pessoal que está no poder hoje e que eram de grupos armados de extrema esquerda, levantam essa bandeira com orgulho e dizem que não cruzaram os braços, que combateram, faz isso parecer bonito, correto, como eles teriam cara para extraditar uma pessoa que simplesmente é acusada dos mesmos crimes que eles? Fazendo isso estariam declarando que isso foi errado, assim dizendo que sua historia foi errada, a sorte de Battisti foi apenas ter cometido os mesmos crimes que nossa presidenta, só que na Itália ele é visto como criminoso, já no Brasil....

segunda-feira, 13 de junho de 2011

No Túmulo de Christian Rosenkreutz - Fernando Pessoa

"Em comemoração ao 123º aniversário de Fernando Pessoa, irei publicar um de seus poemas que mais gosto."


No Túmulo de Christian Rosenkreutz


Quando, despertos deste sono, a vida,
Soubermos o que somos, e o que foi
Essa queda até corpo, essa descida
Ate á noite que nos a Alma obstrui,

Conheceremos pois toda a escondida
Verdade do que é tudo que há ou flui?
Não: nem na Alma livre é conhecida...
Nem Deus, que nos criou, em Si a inclui

Deus é o Homem de outro Deus maior:
Adam Supremo, também teve Queda;
Também, como foi nosso Criador,

Foi criado, e a Verdade lhe morreu...
De Além o Abismo, Sprito Seu, Lha veda;
Aquém não há no Mundo, Corpo Seu.

Mas antes era o Verbo, aqui perdido
Quando a Infinita Luz, já apagada,
Do Caos, chão do Ser, foi levantada
Em Sombra, e o Verbo ausente escurecido.

Mas se a Alma sente a sua forma errada,
Em si que é Sombra, vê enfim luzido
O Verbo deste Mundo, humano e ungido,
Rosa Perfeita, em Deus crucificada.

Então, senhores do limiar dos Céus,
Podemos ir buscar além de Deus
O Segredo do Mestre e o Bem profundo;

Não só de aqui, mas já de nós, despertos,
No sangue actual de Cristo enfim libertos
Do a Deus que morre a geração do Mundo.

Ah, mas aqui, onde irreais erramos,
Dormimos o que somos, e a verdade,
Inda que enfim em sonhos a vejamos,
Vemo-la, porque em sonho, em falsidade.

Sombras buscando corpos, se os achamos
Como sentir a sua realidade?
Com mãos de sombra, Sombras, que tocamos?
Nosso toque é ausência e vacuidade.

Quem desta Alma fechada nos liberta?
Sem ver, ouvimos para além da sala
De ser: mas como, aqui, a porta aberta?

Calmo na falsa morte a nós exposto,
O Livro ocluso contra o peito posto,
Nosso Pai Rosaecruz conhece e cala.

Fernando Pessoa

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Batalha Politica - 3° Turno

Pessoal eu tento me conter e parar um pouco de escrever sobre política, mas com os fatos que vêem ocorrendo em nosso país, sinto-me tentado a expor meus pensamentos sobre alguns temas.

Ontem foi informado que Antonio Palocci pediu demissão de seu posto de Chefe da Casa Civil, o braço direito da presidenta Dilma, me parece que nos últimos tempos essa casa está me parecendo casa mal assombrada, mas enfim, escândalos a parte e que na minha opinião devem ser levados a fundo sim, para maior entendimento do que se passa, pois esta historia está estranha e muito e saindo um pouco do foco de Brasília, venho comentar algo que percebi aqui em minha cidade São Paulo.

É do conhecimento de todos que a grande oposição do atual governo do PT é o PSDB, e com esta brecha no caso Palocci a oposição fez seu papel, e pressionou a investigação e explicação de Palocci de como seus bens foram multiplicados por 20 enquanto exerceu mandato de deputado e enquanto foi ministro de Lula.

Enfim, estes escândalos acontecem dentro de uma cúpula protegida dos olhos frágeis da população, porém, me atentei para algo estes dias. Na semana passada em São Paulo começou uma mobilização nos Metrôs e CPTM reivindicando melhores salários e ameaçando fazerem greves e pararem São Paulo, e como é de praxe pessoas dos sindicatos ficaram nas estações entregando "Cartas Abertas" a população com suas explicações e reivindicações, e por curiosidade peguei uma destas cartas para me interar do assunto, quando me assustei com uma frase escrita em letras garrafais e colorida com o seguinte dizer: "As condições que o transporte está é exclusiva culpa do governador Geraldo Alckmin", inclusive anexaram o e-mail e o twitter do governador incitando o povo a fazer criticas diretamente ao mesmo. No momento que vi esta frase me indignei, pois qualquer pessoa deveria saber que jogar total responsabilidade de um problema tão enterrado nas raízes dos grandes centros nas costas de uma única pessoa é um erro. A culpa dos transportes públicos estarem na situação que estão teve inicio com a expansão da cidade, onde foi valorizado as rodovias e estradas com a novidade da maravilha do carro, engenheiros e arquitetos da época se deslumbraram com tal máquina e fizeram todos os projetos favorecendo a urbanização para carros, enfim, essa historia é um pouco longa e tomaria o espaço de uma publicação inteira, mas o foco aqui é a manifestação.

O Alckmin assumiu o governo a 6 meses atrás, e essa situação vem de muito antes, como eu disse, estamos vivendo o resultado de ações feitas nos anos 20, 30, coisas muito antigas, e gerou estranheza de minha parte ver um alvo tão direto....logo fiz a seguinte ligação. O governador é do PSDB, tal partido que está pegando muito pesado e corretamente no caso Palocci, que é do PT....em São Paulo repentinamente começam ações sindicalistas contra o governador, se não me engano o PT é um partido totalmente ligado a sindicalistas, correto? Seria esta greve uma ação muito mais política do que trabalhista?

Tenho pra mim que sim, pois se os manifestantes quisessem atingir o governo ao invés de greve poderiam fazer um dia de catraca livre, iria impactar diretamente no bolso do governo, agora parando o transporte só atinge a nós, cidadãos, e com isso nos incitam a acreditar que a culpa se restringe a uma única pessoa...vejo tudo isso muito manipulado, e na minha opinião, sim, é um ato político não trabalhista!

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Alcy Paiva - Dois Quarteirões depois da Caps Lock

"Hoje apenas irei publicar um texto de Alcy de Paiva Neto, um dos meus grandes mestre em vida, mestre esse que já foi inspiração para textos meus, é uma historia que achei linda de tão simples e vou me permitir a honra de reproduzir este texto aqui!"


sexta-feira, 10 de julho de 2009


Dois Quarteirões depois da Caps Lock (Em construção)

No meu teclado mora uma formiga. Dessas pequenas que não se sabe ao certo se faz mal ou bem quando misturada ao café com leite. Todos os dias, quando ligo o computador, ela sai lá de dentro sonolenta e atrapalhada. Corre por sobre o teclado, entra aqui e ali pelas frestas entre as teclas e eu tomo cuidado para não esmaga-la porque também estou dormindo ainda. Depois de algum tempo, desaparece mesa afora e as vezes a encontro tentando ler os papeis impressos. Não me parece que goste de manuscritos.

Fico pensando no barulhão que devo fazer ao acionar das teclas lá dentro e confesso que algumas vezes aperto devagar a tecla F11 antes de ligar o computador. É que ela deve morar entre a Print Screen e a F12; sempre a vejo saindo de lá. Fico imaginando ela dando o seu endereço residencial para as colegas.

Bom, mas o fato é que nunca havia imaginado que o teclado fosse um condomínio de formigas, até vira-lo ao contrario num dia em que a tecla Num Lock se recusava a funcionar. Saíram dúzias de dez pequenas formigas alem de pedaços minúsculos de pão ou coisa parecida e vários cabelos brancos. Não tinha me dado conta também de que meus cabelos estivessem caindo.

Depois da indignação pelos cabelos e casquinhas de pão levadas para o interior do teclado, fiquei pensando na sociedade de formigas que se havia montado bem na minha frente, sem que eu me desse conta. Talvez a formiga primeira tivesse mandado buscar na cidade dela as suas parentes dizendo que havia adquirido, aqui na capital, um bairro inteiro e que era preciso habita-lo antes que outras famílias o fizessem.

A formiga que eu via não deveria ser a mesma. Também seria impossível distinguir quem era quem e elas devem ter treinado para evitar que eu descobrisse que ao invés de uma formiga solitária, todo um clã numeroso habitava no teclado. Depois da descoberta, passei a prestar mais atenção nas suas atividades.

Lá pelas 10 e tanto da manhã o sol bate na minha mesa de trabalho e, não sei se é porque descobriram que já sei do seu segredo, se é porque nessa época do ano o sol entra numa inclinação ideal para a saúde das formigas ou se é só porque agora percebo que elas estão por ali, mas o certo é que muitas delas saem como que para passear. Algumas saem aos grupos e penso que talvez seja uma excursão da escola infantil até algum parque de diversões ali próximo.

Sei que serei motivo de riso se essa história se espalhar mas acho que me faz bem ao ego ser um benfeitor para aquelas formigas. Talvez até mereça uma praça com meu nome ou um lugar de destaque em suas orações. Num mundo onde não se pode ver uma bichinha dessas que logo se corre para mata-las, fico eu acobertando um bairro inteiro delas. Não admito que a faxineira encoste em minha mesa de trabalho, sob pretextos mil, alegando que a desordem que reina é justamente a organização que não se vê, porque lá sei aonde estão todos os meus papeis e se mudarem a ordem nunca mais conseguirei trabalhar direito. Por outro lado, vez por outra levo um misto-quente para comer enquanto trabalho porque é certo que algumas casquinhas irão cair para ajudar no lanchinho das formigas.

Certo dia receie que a comunidade tivesse sido descoberta quando tive que recusar o presente de um teclado sem teclas, sem frestas nem nada, eletrônico segundo me disseram. Bastava roçar o dedo sobre a letra e ela já aparecia na tela, sem barulho nenhum. Foi o que precisei para dizer não: eu disse que o barulhinho das teclas, o clank clank é que me dá a exata noção do quanto trabalho. Nessa tarefa espinhosa de recusa minha mulher me ajudou pois disse que sem o barulho ela também não saberia se estou trabalhando ou dormindo na frente do computador que ela não consegue ver com facilidade enquanto cuida da administração da casa e de tudo mais.

Às vezes me estendo até mais de duas da madrugada usando o computador e vejo uma ou outra fazendo um passeio noturno, ou talvez deva ser um guarda noturno, afinal as formigas são muito organizadas. Vez por outra penso que elas também estejam pensando em mim:

- Pô ... esse cara não se toca que já são duas da madrugada e nós precisamos dormir para acordar cedo e ir trabalhar?

- Calma querido. Você não percebe que ele está doente da cabeça. Fala até com formigas!

- É... você deve ter razão... melhor deixar esse xarope pra lá.

Ai viram pro outro lado e dormem, certos de que o deus das formigas os abençoará por serem tão compreensivas e complacentes.

Quanto a mim, continuo aqui sem entender como meus próprios cabelos vão parar dentro do teclado, uma vez que não escrevo com a cabeça sobre ele.

Alcy Paiva